quarta-feira, março 31, 2004

Porque é Sempre Bom Avisar




Recebi um e-mail do Edmund, sem assunto e com anexo. Desconfiada, para comprovar o que já suspeitava, abri e vi que o anexo, alguma-coisa-incompreensível-.exe, havia sido bloqueado pelo hotmail. Certamente vírus. Não é a primeira vez que recebo e-mails de pessoas conhecidas com vírus anexados, gostaria de saber como conseguem usar e-mails de terceiros para enviar esse tipo de coisa.

Mas alguns passos são óbvios. Não importa se é o Edmund Bonaparte, a Josephine ButterFly, a Jennifer Lopez ou o Brendan Fraser o provável remetente e-mail recebido, quando não há assunto e vê-se um anexo, nem abra, delete. Eu, assim como Edmund, constumo colocar alguma coisa coerente escrita em nossa língua pátria no campo "assunto" quando envio e-mails a alguém. Portanto, se receberem um e-mail meu, do Ed ou de qualquer outra pessoa, nessas condições suspeitas, ignorem, todo cuidado é pouco.

sábado, março 27, 2004

Em Letras Garrafais

Como todo Lunático, Edmund é extremamente organizado. As roupas são todas numeradas, para facilitar a identificação e as gavetas todas têm etiquetas com seu conteúdo esmiuçado.

Eu não sou lunática, mas também sou organizadíssima. A meu modo, é claro. No meu guarda-roupa as roupas ficam todas guardadas dentro de garrafas de diferentes cores. Quando alguém me encontra na rua e pergunta se a blusa que estou vestindo foi retirada de alguma garrafa, respondo sempre com a verdade.

Isso aconteceu hoje, uma amiga perguntou, ao me ver com a blusa vermelha ligeiramente amarrotada (na opinião dela): "Josephine! De qual garrafa você tirou essa blusa???" Sem entender exatamente o porquê de ela querer tal informação, respondi: "Terceira garrafa à esquerda, na segunda gaveta, de cima para baixo".

Pode não parecer muito prático, mas esse sistema das garrafas poupa bastante espaço no guarda-roupa e estudo usá-lo para a organização de outros lugares, como por exemplo a mesa do computador.

Colocar todos os textos impressos que quase me impedem de conseguir ler algo no monitor neste momento em garrafas pode dificultar um pouco na hora de retirá-los, mas certamente manteria minha sala mais...digamos, respirável.

Penso que poderiam ser feitas garrafas um pouco maiores para nos poupar de outros tipos de superlotação. Engarrafar pessoas em um show, por exemplo, seria bastante útil para aumentar o espaço real. "Trânsito engarrafado" teria novo significado se esse sistema fosse posto em prática.

Poderiam ser feitas garrafas em novos formatos, como por exemplo, garrafas horizontais, para poupar espaço vertical. Poderia engarrafar Edmund, ele é muito alto e ocupa muito espaço vertical, que poderia ser usado para pendurar coisas importantes no teto.

Porém a idéia de ter um namorado engarrafado, parafraseando Edmund, "não me proporciona encanto". Apesar de ele ter de andar abaixado, quase encurvado, no supermercado porque algum baixinho resolveu montar aqueles imensos ovos de páscoa sobre as nossas cabeças, as desvantagens de ter um namorado engarrafado superam quaisquer vantagens que eu possa visualizar.

Eu sei, engarrafar namorado não tem nada a ver com usar garrafas para organizar o guarda-roupa, mas de uma certa forma usamos garrafas para organizar a sociedade. Crescemos engarrafados e gostamos de engarrafar pessoas e tascar-lhes um belo rótulo.

Sair da garrafa, antes de um ato de baderna, é um ato libertário (embora seja recebido como ato de baderna, em primeira instância). Talvez- e só talvez- manter a bagunça sobre a mesa do computador e dentro do meu guarda-roupa, sem garrafa, sem caixa, sem nada, seja uma forma de liberdade não aceita pela sociedade.

Por que devemos guardar as coisas em gavetas? Eu sempre encontro as coisas quando elas não estão guardadas, e sempre as perco quando estão. Querem nos fazer acreditar que perderemos aquilo que deixarmos fora das caixas, gavetas e garrafas enquanto sabemos que é bem o contrário. Por que nos dobramos a isso então? Por que dobramos?

Por que dobramos as roupas nas gavetas? Por que simplesmente não as deixamos emboladas, como elas gostam de ficar, naturalmente?

Tento trazer esses questionamentos ao Edmund há pelo menos seis meses, mas não tem surtido efeito algum. Ele ainda dobra, meticulosamente, peça por peça e guarda tudo em gavetas.

Eu ando espalhada, fora minhas garrafas de roupas no armário. Por dentro sou assim, não sou uma pessoa dobrada. Alguém me disse que nosso armário revela quem somos por dentro. Seria preocupante, se eu já não soubesse.

sexta-feira, março 19, 2004

Lendo alguns comentários dos últimos posts confesso que fiquei bastante preocupada. Diversas pessoas me disseram que conhecem meus textos, mas nunca leram um texto do Edmund, que gostam muito do blog, apesar de não saberem como Edmund escreve, por nunca terem lido nada dele, enfim, fiquei preocupada com essas pessoas.

Fiquei a imaginar o que estaria acontecendo com esses pobres leitores. Talvez a barra de rolagem deste blog não esteja funcionando e eles não consigam descer a página e para descobrir que pelo menos dezesseis posts da página inicial (esta em que vocês estão) são dele (o mais recente há uns dez posts apenas), isso sem contar os outros quatro ou cinco posts resgatados dos arquivos que também estão postados nesta página, ilustrando os momentos nostálgicos de Josephine, inclusive com os desenhos dele.

Ou, quem sabe, não haja problemas na barra de rolagem, mas essas pessoas achem que são obrigadas a seguir um a um dos posts, em ordem, sob pena de alguma catástrofe mundial, caso ousem ler esta página de baixo para cima, por exemplo, ou apenas os dias ímpares, ou só os textos de segundas-feiras. Isso pode ser um reflexo limitante de nosso lindo pendão da esperança, nosso símbolo augusto da paz, que nos brada: "Ordem e Progresso!!", obviamente sem os pontos de exclamação.

Pode ser também que tais indivíduos tenham algum problema em interpretação de imagens e não tenham notado que a caixinha cinza com gavetas, à esquerda, não é um criado-mudo, mas o desenho de um arquivo e que, clicando ali, terão acesso a um portal para outra dimensão, em que, clicando nos nomes dos meses, abrem-se janelas para o passado deste blog ao qual visitam e que, se dele gostaram, muito se alegrarão ao conhecer sua gênese, êxodo e deuteronômio.

Da mesma forma, o papiro "Fábulas Alucinadas" é um link para as fábulas tão organizadamente organizadas em sub-links por meu tão organizado (para algumas coisas) namorado. O desenho de livro "A História de Edmund" contém um índice de sub-links para cada um dos capítulos da saga "A História de um Lunático" escritas por Edmund no período de 03 a 29 de Maio de 2003. E, finalizando, o desenho da pena, papel e pote de tinta é, inacreditavelmente, o e-mail de Edmund, edbonaparte@bol.com.br .

Testem, um a um desses links e descubram, maravilhados, que, ao menos nesse mundo de blogs, é possível sim viajar ao passado e retornar inteiro. Não peço que leiam o blog todo (para isso poderão comprar o livro depois, assim que ele sair :)), mas se puderem ler ao menos alguns posts do início, de Abril, Maio, Junho ou Julho, ou até mesmo descer a barra de rolagem (quem ainda não entendeu o que faço aqui provavelmente também tem algum problema com a barra de rolagem, a resposta está no dia 23 de Novembro, no post "Apresentando Josephine ButterFly").

Entristece-me sobremaneira estar aqui "tapando buraco" (sim, estou aqui tapando buraco, ainda que alguns de vocês me assegurem que não é nada disso) no Diário de um Lunático e tanta gente contentar-se com um, dois ou três textos de Josephine e não fazer um mísero esforço para conhecer um pouco do tal Lunático.

Certamente essas pessoas não fazem isso de forma consciente, ou ao menos não porque querem, mas forças sobrenaturais de ordem superior as impelem a cometer tamanho desatino (agora exagerei, eu sei, mas não havia outra forma de demonstrar o quão absurdo isso me parece).

Espero ter conseguido, com meus esclarecimentos espantosamente esclarecedores (como diria Edmund), livrá-los de tamanho jugo maligno, possibilitando a todos conhecer o maravilhoso mundo dos textos de Edmund Bonaparte. Que, aliás, é a intenção deste blog. Acho.

No mais, agradeço aos comentários sempre tão agradáveis (ok, nem sempre, mas no último post foram todos bem agradáveis). Respondendo a algumas perguntas: "Oooooooh ceus! tenho de arrumar uma namorada como você. Será se acha?
Alencar "

Alencar, acho que devo ser sincera. É difícil, porém não impossível, não perca suas esperanças. O problema é que grande parte das mulheres modernas (especialmente as bonitas e inteligentes) ainda não são inteligentes o suficiente para perceber que cuidar do homem amado não configura subserviência e que, pelo contrário, torná-los dependentes nos faz ter um domínio muito maior da situação. Felizmente, ao que me parece, algumas parecem estar abrindo os olhos para essa realidade e outras, como eu, Butterfly e Moonthoughts, sabem usar o poder que têm nas mãos.

"eu só queria entender uma coisa, como assim vc é viciada em papel A4? o q o A4 tem de especial???? Livs"
Livs, não, folhas de papel A4 nada têm de especial, mas como justificar um vício? Não sei. Simplesmente não consigo mais viver sem. Passo dias e noites imprimindo textos compulsivamente, passando a viciar-me também em tinta de impressora. Enquanto não encontrar uma clínica que disponibilize tratamento para tais males, continuarei minha saga em busca de mais e mais folhas de papel A4 e cartuchos da Epson e Lexmark. Edmund comprou para mim um pacote com 500 folhas A4, mas ainda não é o suficiente. Preciso de mais.

E um recado à Rúbia, o post anterior não foi irônico (embora eu admita que é esse meu tipo de humor e não há espanto em encontrar posts permeados por doses discretas- e às vezes nada discretas- de ironia), realmente procuro causar uma dependência física, psicológica e até química (no caso das vitaminas e do creme hidratante) tratando meu namorado daquela forma que faria as velhas feministas arrancar os cabelos e os jogar na fogueira junto com seus sutiãs. Mesmo porque, além de essa tática me trazer inumeráveis benefícios, Edmund merece, por ser o namorado mais maravilhoso que alguém poderia ter.

Marcos, Lara, Aretha, Léo, agradeço também a vocês, lembrando que o espaço de comentários está sempre aberto...aliás, estão, tanto o do haloscan (que é o principal) quanto o do Blogger, sempre que quiserem deixar alguma mensagem ou opinião a respeito dos posts...ou até alguma dúvida, assim como meu e-mail senhoritabutterfly@gmail.com . E Lara, Edmund conversa não só com o Cabide, mas também com o Criado-mudo, o Guarda-roupa e todos os outros móveis que queiram falar com ele.

segunda-feira, março 15, 2004

Relendo comentários antigos, vi um do "Oculto X" (onde está ele?) em que ele dizia que gostaria de saber mais sobre meu mundo, sobre quem sou, ou coisa do gênero.

Bem, estou aqui para falar de Edmund, este é blog é dele e acho que minha participação aqui resume-se a "Informante" dos passos do Lunático enquanto ele não volta, por isso não me sinto à vontade para falar de Josephine, como se estivesse me aproveitando de um espaço que não me pertence.

Mesmo porque minha vida tem sido Edmund, desde que o conheci. Ele depende de mim em diversos aspectos, administro a ele os medicamentos diários (sim, suspendi a medicação, ou melhor, a troquei por vitaminas, para testar), ajudo-o quando tem alguma alucinação no trânsito (se bem que brigamos feio da última vez em que isso aconteceu), passo hidratante em suas mãos ao menos duas vezes ao dia (sim, isso é muito importante) e lixo suas unhas.

Quando viajei, deixei um pote de creme para as mãos e uma lixa de unha, para que ele sobrevivesse enqüanto eu estivesse fora. Ao retornar, menos de dez dias depois, o encontrei atirado sobre a cama, unhas compridas, mãos ressecadas e barba por fazer, dois quilos mais magro, sem tomar as vitaminas, conversando com o cabide.

Edmund disse que o cabide até que tentou tirá-lo daquele estado lastimável, mas que só minha presença seria capaz de fazê-lo retornar ao estado anterior, recuperado de tantos e tantos dias de ausência profunda e absoluta solidão.

Edmund é uma criatura dramática, não acredito que eu faça tanta falta assim, mas devo confessar que me esforço.Se você gosta do rapaz, deve tornar-se absolutamente indispensável para ele, assim, ainda que haja oportunidade de te trocar por outra, ele abominará a idéia, na certeza de que jamais sobreviverá a um mísero dia sem seus cuidados.

Aquele acontecimento fez com que eu tivesse uma revelação: homens são seres carentes e dependentes. Carinho, cuidado e atenção (atenção não é grude, por favor) na medida certa, o importante é fazer tudo o que estiver ao seu alcance. Premeditadamente, ardilosamente, vale qualquer coisa (lícita) que cause dependência psicológica e nenhum dano aparente. Alguns exemplos já testados e aprovados:

Passar creme nas mãos: Um dia sem creme o fará desesperar-se com a sensação de aspereza à qual ele já estava acostumado anteriormente, mas intolerável agora. Lembrem-se sempre do post anterior: antes ele sobrevivia sem isso porque era ignorante, mas depois de conhecer o efeito de um bom creme (não aqueles grudentos) sua vida jamais será a mesma. Não requer prática, nem tampouco habilidade, apenas um bom creme.

Fazer suas unhas: No começo ele pode até espernear, dizendo que isso é coisa de mulher e outras afirmações igualmente ignorantes. Para evitar esse tipo de coisa, antes de sugerir, esculhambe, carinhosamente, as unhas dele, por exemplo: "Nossa, é uma pena mãos tão bonitas com unhas tão tortas, mal cortadas." Isso deve bastar para que ele aceite experimentar uma boa lixa e um discreto alicate. Mas só faça isso se você tiver habilidade, senão, melhor inventar outra coisa.

Cortar seu cabelo: Novamente, só faça isso se estiver certa do que está fazendo, caso contrário surtirá o efeito oposto. Lembre-se sempre de que quanto mais liso for o cabelo do indivíduo, menos você poderá errar. Se ele for muito chato, esqueça essa idéia. Aliás, se ele for muito chato, troque-o por um mais legal :).

Vitaminá-lo: Aqui vale ficar responsável pelo horário da medicação, caso ele use. Usando ou não, compre um polivitamínico e antes de fazê-lo tomar, leia toda a bula, a ação esperada do comprimido e todas as milhares de vitaminas que ele possui. Uma boa auto-sugestão potencializa os efeitos de qualquer vitamina. E sem você ele se sentirá fraco, desmotivado... (importante: carregue a vitamina COM VOCÊ, para torná-lo dependente).

Fazer seu prato preferido: Descubra qual doce ele adora e aprenda a fazer divinamente bem. Convide-o uma vez por semana para comer a iguaria em sua casa (ou na casa dele, tanto faz, desde que você faça). Também é necessária habilidade especial para isso, dependendo do objeto da degustação. Se ele for fã de pão com manteiga, por exemplo, não haverá grandes problemas. Mas se, como o Edmund, ele gostar de torta de alfrechus crus com hagrates cozidas e uma bola de sorvete de botelatone por cima, complica.

De resto, use sua imaginação, esses foram apenas alguns exemplos. Eu faço outras coisas também, cuido dos móveis, do blog, rego os cactus, cuido de tudo em sua ausência. Que ninguém pense, porém, que sou uma desocupada. Muito pelo contrário, ando muito ocupada.

Josephine é terapeuta. Não é bem terapeuta, mas também não deixa de ser (tenho que dar algum nome para o que eu faço, infelizmente). Como já comentei por aqui, quando contei nossa história, estagiei durante algum tempo em uma clínica psiquiátrica, na época como enfermeira e, mais tarde, como terapeuta.

Nunca me dei bem como terapeuta, era péssima. Chorava quando meus pacientes choravam, ria quando eles riam, ficava brava quando eles enraiveciam, ficava deprimida quando entristeciam-se. Como enfermeira também não era diferente, além de ser imensamente desastrada e errar quase todos os procedimentos dos quais ficava responsável, daquele tipo que aprendeu a dar injeção em maçãs e não foi avisada de que entre pessoas e maçãs há algumas diferenças. Pequenas, porém de imensa importância.

Sem contar que costumava confraternizar com os pacientes e freqüentemente deixava as portas abertas e trocava os medicamentos (eles eram muitos, todos com nomes parecidos), fato que, como diz Edmund, não proporcionou encanto aos diretores da tal clínica.

Atualmente estou temporariamente desprovida de ocupação remunerada e sou sustentada por uma alegre, inteligentíssima, muito agradável e saltitante senhora sexagenária que mora há alguns quilômetros de minha residência de quem cuidei por muito tempo e que, por algum motivo, gosta muito de minha pessoa.

Sustentada por ela por pouco tempo, espero. Pretendo obter novas fontes de renda em breve, para sustentar meu vício por folhas de papel A4. Elas andam cada dia mais caras e não consigo mais viver sem.

Inicio um curso de aperfeiçoamento nesta semana e espero ainda assim ter tempo para continuar com minhas tarefas diárias de manutenção de Edmund e também cuidar deste blog com um pouco mais de afinco. Prometo me esforçar.

quinta-feira, março 11, 2004

Ignorância

Li um post no blog da moonthoughts (é, isso foi um link) e comecei a escrever um comentário. Só que ficou grande demais para um comentário e virou um pequeno post. Como não posso fazer posts nos comments dos outros, resolvi transportá-lo para cá:


Sempre disse que os idiotas são mais felizes. E são mesmo. Quanto menos você sabe das coisas, quanto menos coisa conhece e consegue compreender, quanto menos capacidade de análise, menos problemas se tem. Simplesmente porque os ignorantes são ignorantes porque ignoram. E eles ignoram tudo, até mesmo os problemas que têm, não fazem a mínima idéia que tais problemas existam, até serem informados dos mesmos.

Um exemplo tosco, uma mulher que usa em seu filho uma fralda descartável dessas caseiras, que vaza no segundo xixi e deixa a criança cheia de assaduras, provavelmente ficaria felicíssima ao ver que pode comprar dez pacotes dessas fraldas. Porém, se algum bem (mal) intencionado lhe der de presente um pacote ou uma mísera fralda Pampers extra-ultra-mega-sec, daquelas que a criança fica a quilômetros de distância do próprio xixi por horas, ela vai descobrir que a tal fralda que achava o máximo é, na verdade, uma porcaria, e todas as vezes em que for ao supermercado e notar que não tem dinheiro para comprar nem um pacote da Pampers, mas poderia comprar dez pacotes da outra fralda, jamais sentiria aquela alegria de outrora. Pelo contrário, compraria os pacotes e sairia do supermercado triste, por ter sido tirada de sua alegre ignorância.

Ainda assim fico feliz por não ser ignorante, embora saiba que sou ainda mais feliz por ignorar grande parte das coisas que não me faz falta saber. Porque todos nós somos ignorantes, dependendo do ponto de vista. Só muda o grau. Graças a Deus.

quarta-feira, março 10, 2004

Respeito

Não consigo entender algumas pessoas. Não é a primeira vez que isso acontece, mas agora vou falar sério pela primeira (e última) vez neste blog.

Não acredito em quem pede pelo retorno de Edmund me ofendendo. Não acredito que essas pessoas realmente gostem de Edmund. Se gostassem dele, gostariam de mim, ou, pelo menos, me respeitariam.

Quando o comentário é simplesmente crítico, dizendo que não escrevo tão bem quanto ele, que deveria fechar o blog ou parar de escrever aqui, eu até acho graça, ignoro ou me desculpo pela inconveniência de existir.

No entanto, quando a coisa descamba para a ofensa pessoal (ou o que chamo de "baixaria"), deleto, usando dos plenos poderes a mim conferidos pelo meu ilustre namorado, que me deu o login e a senha do sistema de comentários deste blog.

Não foi difícil descobrir de onde partiu o comentário, ainda que eu não domine tanto assim a arte de rastrear IPs. Entretanto, não o fiz com o intuito de retaliar o ataque, mas de saber de quem se trata, caso a criatura retorne a este recinto.

Adoro receber comentários e fico imensamente feliz quando descubro novos leitores deste blog. Porém, esse tipo de "leitor" eu dispenso, sem cerimônias, e acredito que Edmund também.

Se Edmund não está postando como antes é porque ele não pode, não porque não quer ou porque eu o impeça, muito pelo contrário, tanto eu quanto ele adoraríamos se ele dispusesse das condições necessárias para voltar a escrever e nós dois torcemos alucinadamente para que chegue o dia em que ele possa voltar a encher esse lugar com seus maravilhosos e inspiradíssimos textos. Porém, no momento, isso não é possível.

Quanto à pergunta contida no comentário, excluindo o palavrão que me forçou a deletá-lo: "... Q MULHER EH ESSA?????" Eu respondo, mas gostaria que Edmund respondesse por mim. Essa mulher é a mulher a quem ele ama, que o ama como jamais amou homem nenhum, que está ao lado dele nos bons momentos e nos momentos difíceis, sempre apoiando, ajudando no que pode e simplesmente ao lado dele quando não pode ajudar, capaz de qualquer sacrifício para vê-lo bem.

É a mulher com quem ele faz planos, com quem ele passa o parco tempo livre conversando sobre tudo. É a mulher com quem ele se dá muito bem. Muito mais do que uma simples namorada, é sua amiga, fiel companheira de todas as horas, que relutou um pouco, mas acabou aceitando tocar este blog durante sua ausência, mesmo sem saber se seria capaz de manter a qualidade dos textos a que os leitores deste blog estavam acostumados. (Detesto falar de mim em terceira pessoa).

É a esta mulher a quem alguém que diz gostar do Edmund a ponto de exclamar "QUEREMOS O EEEEDDDDDD!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! " jamais poderia sequer pensar em ofender. Peço apenas respeito. Não apenas a mim, mas principalmente ao Edmund, que me pediu para continuar o blog, pensando nos leitores dos quais ele tanto gosta.

Respeito, porque ele é uma das pessoas que mais me incentiva a continuar aqui, me agradecendo por não ter deixado esse blog morrer. Quando você me ofende, pode ter certeza que ofende e entristece primeiro a ele, por ignorar seus sentimentos.

Minha intenção aqui é continuar com um blog inteligente, divertido, interessante e leve, se eu não consigo fazer isso tão bem quando o Edmund, ao menos consigo fazer o melhor que posso, e ele gosta muito, assim como a maioria do pessoal que aparece por aqui e comenta.

Eu sei, eu sei, deveria ignorar esse tipo de coisa, mas respondo não por minha causa, mas por causa dele, esperando que com esse post essas meninas pensem (se é que elas pensam) algumas vezes antes de cogitar escrever um comentário grosseiro e ofensivo a meu respeito.
Respeito.

PS: Desculpem atrapalhar o bom andamento do blog com um post desses. Mais tarde volto com o texto que ia postar.

terça-feira, março 09, 2004

Primeiro Contato:

Era bela manhã de sábado, acho. Eu me preparava há semanas para aquele encontro. Após cerca de dois meses de namoro estava na hora de conhecer a Família Bonaparte. Medo, tensão, desespero, todos os sentimentos mais histéricos que um ser humano pode ter rondaram e assombraram minha alma nos dias que antecederam à grande hora.

"Fique tranqüila, ninguém está lá para julgar você, o pessoal é gente boa, relaxa", falta só dizer que eles nem vão notar sua presença. Não acreditem nisso, meninas, o primeiro encontro entre a menina e os pais do namorado é sempre tenso, qualquer descuido pode ser fatal.

Não quero com isso apavorar ninguém que esteja nesta situação, mas deixá-los cientes do perigo que correm. Primeiro farei uma explicação genérica, começando com os quatro indivíduos básicos:

1- O Sogro: Em geral esse nem te nota mesmo. A menos que ele seja multimilionário e você pertença à ralé do proletariado desempregado, ele não causará problemas.

2- A Sogra: Ao contrário do que se apregoa por aí, ela não é sua pior inimiga (a menos que o rapaz em questão seja filho único ou não tenha irmãs), muito pelo contrário, nesse primeiro momento você deve mostrar-se amiga e gentil, mas não íntima e nem solícita demais, para não parecer puxa-saco.

3- O Cunhado: Desde que ele não goste de competir com o irmão e te paquere durante o jantar, não há problemas. Se for pirralho, convém tomar uma dose extra de calmantes e elogiar o monstrinho.

4- A Cunhada: Esse é o ser mais temível da família. Esta é a criatura que estará te avaliando o tempo todo, mais ainda do que a sogra. Aja com naturalidade e pronuncie as sílabas: "A-mi-ga", ao menor sinal de hostilidade, quase sempre sutil. Nunca se esqueça de que você está roubando o irmãozinho dela. Provavelmente ela contará casos da infância dos dois e o chamará por um apelido que não usa há uns vinte anos para mostrar que tem mais intimidade com ele do que você (o que é óbvio). Uma variação deste ser abominável é a mulher (ou namorada) do cunhado. Por alguma razão obscura ela se sente competindo com você e pode ser um perigo em potencial.

No caso dos homens, substitua a mãe pelo pai e a cunhada pelo cunhado, o efeito é o mesmo.

Você é um ser estranho na casa e este é um ritual de iniciação quase animal, passará por todas as provas até mostrar-se apta ao cargo. Provavelmente você terá de comer coisas que jamais comeria em sã consciência e ouvir coisas com um sorriso no rosto que jamais ouviria sem discutir nem matar alguém.

Dicas de comportamento: não fale muito alto, nem muito baixo, não coma muito devagar, nem muito rápido, não use roupas muito justas, curtas ou decotadas, nem vista-se feito uma freira. Não carregue na maquiagem (é, eu não segui essa dica, mas aqui no Sul isso é até bem visto), não chame seu namorado por apelidos, nem demonstre muita intimidade, pode parecer provocação. Mas dê atenção a ele e fale carinhosamente, demonstrando que ele está sendo bem cuidado.

Fale sempre a verdade e sorria o tempo todo. Seja você, dependendo de quem você for. Quando fui conhecer meus sogros, eles moravam em outra cidade e antes que eu viajasse para vê-los, minha mãe me aconselhou: "Josephine, não há segredo, apenas seja você mesma"...depois ponderou:"..Não, não, pensando bem não seja você mesma, pode assustá-los". Mal sabia ela.

Era aniversário do pai de Edmund e toda a família estava reunida: mãe, pai, irmã, avó, tio, tia, prima e namorado da prima. Imediatamente identifiquei a ameaça (a cunhada) e tratei de mantê-la sob observação. Felizmente ela aparenta ser de uma rara espécie pacífica de cunhadas não-peçonhentas, quase herbívoras.

Eu estava histérica e quando fico histérica meu corpo entra em Stand By: não sinto fome, não sinto sede e meu cérebro não funciona. O pai de Edmund fazia uma centena de perguntas e todos olhavam para a minha cara, esperando resposta. Estava claro que se tratava de um teste, quase uma entrevista de emprego, e achei que quanto mais clara e objetiva eu fosse em minhas respostas, melhor me sairia. Difícil foi conseguir ser clara e objetiva com o cérebro em estado de hibernação nervosa. Fiz o que pude e pude pouco.

Outra dica importantíssima que apliquei: concorde sempre. Isso é uma ótima saída quando seu cérebro não responde, trava e dá tela azul. Faça-os pensar que compartilha de quase todas as opiniões e abstenha-se de comentar quando discordar de algo, melhor não gerar conflitos desnecessários.

Então veio a comida, um farto almoço que enchia a mesa. Não me lembro muito bem o que havia ali, mas me lembro muito bem de que em mim não havia fome alguma...porém eu tinha de comer. Estavam todos olhando para a minha cara, esperando que eu comesse horrores ou preparando-se para dizer que eu deveria comer, pois estava muito magrinha. Fui empurrando a comida, obrigando meu estômago a funcionar, ele não poderia me atrapalhar naquele momento crucial. Sempre sorrindo, senão era capaz de a senhora Bonaparte pensar que eu não tinha gostado da comida.

A avó de Edmund, uma velhinha bastante simpática, ficava o tempo todo olhando para mim e sorrindo, de vez em quando emendava o sorriso com um "como ela é querida!" Para me deixar ainda mais encabulada. Ao final do almoço fizemos uma caminhada pelo bairro, para um merecido descanso.

Depois voltamos e qual não foi minha surpresa ao ver o bolo de aniversário, salgadinhos e refrigerantes esperando que eu os devorasse. Desesperada, tentei fugir, mas Edmund me acalmou e me garantiu que se eu comesse uma fatia de bolo e alguns salgados me deixariam em paz. Com o máximo esforço, comi. O Sr. Bonaparte observava cada movimento: "Não vai comer a coxinha? Já comeu a empada? Prove esse salgadinho, aquele docinho ali é muito bom", eu não agüentava mais olhar para a mesa, mas continuava sorrindo.

Felizmente a comemoração acabou e fomos à sala assistir a um filme, eu, Edmund, a prima dele e o namorado dela. Edmund e o namorado de sua prima escolheram assistir "Conan, o Bárbaro" e nós não tivemos direito a voto. Ou tivemos, não sei, não me lembro, estava mais ocupada em sentir-me empanturrada naquele momento. Rimos um bocado, eu e a prima, o filme era ridículo.

Então a irmã de Edmund veio do corredor, toda feliz, pouco antes do filme terminar, anunciando: "Venham tomar café conosco". Estranhei, não poderiam servir o inocente cafezinho na sala mesmo? Pausamos o filme e fomos à copa. Qual não foi a minha surpresa (novamente) ao constatar que o tal café era, na verdade, um farto Café da Tarde, com tudo a que eu tinha direito e não merecia naquele momento.

Ameacei desmaiar, mas Edmund demoveu-me da idéia. Mais uma vez tive de lutar contra meu estômago e fingir que havia espaço para mais comida. Torturante. Na hora de ir embora todos me abraçaram e ficaram junto ao portão acenando, até que o táxi em que eu estava com Edmund se afastasse. logo que pude me joguei na cama e hibernei até que a digestão fosse concluída, acordando, exausta, vinte horas depois.

Agora sempre visito os pais de Edmund e nunca mais vi tanta comida ao mesmo tempo por lá. Percebi então que eu não era a única apreensiva ali. Na ânsia de me agradar e de causar boa impressão, os Bonaparte encheram a mesa, em um simbolismo tribal de aceitação e boas-vindas que, apavorada, não entendi na hora.

Posso dizer que tenho sorte, a família Bonaparte é bastante agradável, minha cunhada não me odeia, minha sogra é um amor e meu sogro vai com a minha cara. Nem todos têm a mesma sorte, mas se você seguir essas dicas certamente ficará tão irresistivelmente fofa (no sentido mais sublime do que o adiposo) que todos irão querer te adotar, o que é a idéia básica. Ou talvez te achem estranha, não sei, corre-se o risco.

O que sei é que costumamos pensar nas coisas da forma mais terrível possível e elas podem nos surpreender. Muito mais do que ser aceita, o importante em conhecer a família do moço, é a oportunidade de fazer parte do mundo dele, buscar uma soma com aqueles novos seres, um relacionamento em que impere a paz, o respeito e a certeza de que todos podem coexistir em harmonia sem que haja perda de nutrientes de nenhum dos lados. Ou ao menos é assim que deveria ser.

PS: Este post foi escrito em homenagem à nossa leitora desesperada, Livs, que irá conhecer os pais do namorado no próximo sábado (e já está histérica). Espero que tenha ajudado em alguma coisa. Relaxe, menina, você sobreviverá.

PS2: Acabo de ler os comments e Livs me enganou, já foi conhecer os sogros ontem e, como eu previa, sobreviveu.

PS3: Respondendo ao Tustra: Edmund está alucinadamente envolvido em suas tarefas reais e imaginárias e me promete, todos os dias, que voltará a alucinar por aqui. Já ameacei mudar o nome do blog para "Diário da Namorada de um Lunático", mas ele garantiu que não há razões para tal, que voltará ao blog... bem, um dia ele aparece, espero. Se demorar muito ameaço sumir de novo. Costuma funcionar. :)

sexta-feira, março 05, 2004

Sobre o Carro

Desconfio que o lunaticomóvel seja, na verdade, uma lunaticamóvel. É incrível, Edmund faz um sinal para o carro (ou, se minhas suspeitas estiverem corretas, para a carra) e ele pisca de volta, descaradamente, na minha frente!

Passear com Edmund de carro é sempre uma experiência alucinante, nem sempre vamos aonde gostaríamos, na maior parte das vezes vamos aonde o carro e o trânsito decidem que devemos ir. Não que nos percamos, apenas passamos por alguns poucos momentos em que nos afastamos da trajetória pretendida e nos encontramos em um ponto de discreta confusão de localização geográfica, andando em vírgulas.Depois, eventualmente conseguimos voltar para casa, ou dormimos dentro do carro à beira da estrada mesmo.

Alguém me perguntou se Edmund tem Carteira de Habilitação. É claro que tem! Estranhamente ele foi a única pessoa da turma a passar no psicotécnico, fato que comprova algo de que sempre desconfiei: tal teste não avalia absolutamente nada.

Ele até avisou à psicóloga "Eu sou lunático", ela riu do bom humor daquele jovem e aplicou o teste. Ao final do curso, depois de ter recebido o resultado ele a encontrou pelo corredor e ela, sorrindo (será uma Góia?), disse: "Eu entregaria um carro em suas mãos de olhos fechados". Eu também. Não iria querer nem ver o que aconteceria com o pobre automóvel.

No entanto, como todo lunático, Edmund é perfeccionista, o que o faz um exímio motorista, mesmo em áreas mais movimentadas, extremamente cuidadoso, mas até o momento ninguém (além de mim) teve coragem de pegar uma carona com ele. Talvez porque ele explique ao carro antes de sair, todos os dias, exatamente onde pretende ir e o que espera que aconteça.

Ou porque em certos momentos ele quer ir para um lado enquanto Sigmund (sua outra personalidade) insiste em ir para o outro lado e ameaçam brigar. Mas isso raramente acontece, mesmo porque Sigmund não sabe dirigir e Edmund não quer ensiná-lo, acha-o irresponsável demais para isso. Eu, sinceramente, concordo.

P.S: Agradeço pela colaboração, pelos comentários tão democraticamente distribuídos entre os dois sistemas de comments. Fico imensamente feliz ao ver algum retorno (ou feed-back) aos meus textos. E Moreno, sim, andava em estado de carência profunda, por isso é sempre gratificante ver que passaram por aqui e não saíram correndo, apavorados. Sinceramente, acho que nunca fiquei tão feliz ao ler comentários. Que coisa, não?

quinta-feira, março 04, 2004

Devo interpretar o baixo número de comentários neste blog como falta de interesse dos nossos leitores? Ainda que não deva, interpreto. Agradeço à Rezenda , Val e Mirianne, as três únicas a comentarem o post anterior, tão cuidadosamente elaborado a partir de uma aranha afogada no canto do Box. Incomensuráveis abraços às três.

Que coisa horripilante! Mas ela teve o que mereceu, quem mandou ser tão burra? Não sabia ela que aranhas devem construir suas casas em lugares secos? Ela devia ler os manuais de construção de casas de aranhas - este com certeza era um lugar muito impróprio. Mas, você bem que poderia ter tido mais compaixão pela pobre e ignorante criatura e tentado, ao menos, ter dado a ela tal manual, ou o 0800 de ajuda a criaturas estúpidas. Ah, Josephine, você foi cruel demais..

rezenda
Rezenda, acredito que a tal aranha além de incauta e burra também era analfabeta, de nada adiantava dar-lhe o manual de construção de casas de aranhas (apesar de saber a importância que os manuais têm).

No máximo poderia ler para ela, mas resolvi testar a teoria da seleção natural e me parece que, ao menos nisso, Darwin estava certo. Só os mais espertos sobrevivem. Se bem que tenho visto alguns espertos morrendo e muitos idiotas sobrevivendo por aí, Darwin nos deve explicações. Quanto ao 0800 de ajuda a criaturas estúpidas....ei, por que razão eu teria esse número para passar a ela???

pô tu viaja mto, hein?!! mas massa..... Teu blog tá mto criativo []'s

Val
Val, não, já faz muito tempo que não viajo...viajei no início de Fevereiro, mas foram apenas alguns dias, não conta como viagem. Aliás, deveria viajar, estou meio cansada de passar tanto tempo nesta cidade. Quem sabe agora com o lunaticomóvel?

Receio que a cada vez que eu mate uma barata e tire seus ovinhos do chão com papel higiênico, sempre sobrará algum ovinho que se tornará uma baratinha, e então um baratão, que irá resfolegar, muito perto de mim, em algum dia que eu estiver dormindo. Tipo uma vingança pela morte da mãe-barata. Um abraço. (Deus, baratas são nojentas, e diferente das aranhas.)

Mirianne
Mirianne, baratas são nojentas sim, mas você também é paranóica. Nenhum ovinho esmagado pode dar origem à uma nova barata. Um ovinho esmagado só poderia dar origem a uma barata esmagada, o que te pouparia o trabalho de esmagá-la com o chinelo.

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Não quero me repetir aqui dizendo que Josephine quer comentários, já fiz um post inteiro sobre isso no dia 23 de Janeiro, que posso até colar aqui, caso tenham se esquecido.

Na época de Edmund este blog vivia cheio de leitores e comments, até que ele foi espaçando os posts, chegando a ficar 45 dias sem dar sinal de vida. Certos de que este blog havia morrido, os leitores simplesmente desapareceram, o que é compreensível.

Acabei sendo chamada para fazer uma massagem cardíaca e ressuscitar este lugar, mas ainda não me sinto segura o suficiente de que seja isso mesmo o que vocês queiram.

Ouço a multidão gritando: "Queremos Edmund!! Queremos Edmund!!!" enquanto me jogam tomates de todos os tipos e tamanhos. Estariam os textos de Josephine tão horripilantemente péssimos assim?

Acaso o pessoal que passa aqui todos os dias não comenta por ser acometido de pavor ao olhar o post e, gritando de terror, fecha a janela e sai correndo?

Respeitosos abraços a todos.

P.S: Por qual razão obscura os leitores deste blog ainda preferem o sistema de comentários do Blogger ao haloscan mesmo após eu tê-los invertido? É algum apego emocional?

terça-feira, março 02, 2004

Dona Aranha A Subir Pela Parede

Hoje ouvi uma criança pequena cantarolar uma música que eu costumava cantar no maternal. "Dona aranha foi subindo na parede, veio a chuva forte e a derrubou." Não posso deixar de admirar a persistência do tal aracnídeo, há vinte anos sobe aquela parede e até hoje não desistiu, apesar da chuva ininterrupta. Provavelmente busca quebrar algum recorde mundial de escalada de paredes.

Certamente ela usa um potente equipamento de mergulho, pés de pato nas oito patas (aranha com pés de pato é, no mínimo, um bicho muito esquisito), roupa impermeável e cilindro de oxigênio(ou é uma daquelas aranhas aquáticas mesmo), pois hoje, enquanto tomava banho, observei uma incauta aranha (incauta, para não chamá-la de burra) que construíra uma improvável teia no canto do Box, junto ao chão, no local mais inundável possível, sem os equipamentos necessários para garantir sua sobrevivência.

Quando vi, a dona aranha já estava subindo na parede, ou melhor, no acrílico do Box, lutando contra o terrível volume de água que se precipitava sobre ela. Devo confessar que pensei em salvá-la, mas negligenciei o socorro, imaginando que daria tempo de terminar o banho antes de resgatá-la. Enquanto eu me esbaldava a limpar meu corpo com tão refrescante líquido, o pobre artrópode lutava desesperadamente pela vida. A uma certa altura, porém, ela escorregou para um vão do Box e lá ficou, desacordada, até afogar-se.

Ignorando que a pobre aranha já havia deixado seu minúsculo exoesqueleto e habitava, naquele momento, no céu dos artrópodes, peguei um papel absorvente e encostei perto de seu corpo, para livrá-la de toda aquela água. Costumo fazer isso com formigas afogadas há horas e elas sempre saem andando. Fiz isso com uma vespa que passara umas oito horas, afogada e semi-morta em uma bacia d'água e que, após secar suas asas, saiu voando, feliz. Descobri naquele instante terrível que aranhas não são bichos muito resistentes.

Poderia tê-la resgatado a tempo, mas como o monstro que sou, preferi refestelar-me com os prazeres da higiene pessoal a salvar uma pequena vida. Resta-me torcer para que a tal aranha tenha pertencido a uma espécie horrendamente peçonhenta. Ao menos acalmaria a minha consciência.