quarta-feira, setembro 29, 2004

Tecido Sintético


Gostaria de ter o dom sobrenatural de sintetizar as coisas. Não tenho. A bem da verdade também não estou lá muito interessada em ter, não. Sou uma pessoa extensa, sou um nome enorme, um texto imenso, lê quem quiser. Perde quem não quer, não eu.

Já reclamaram que meus textos são longos demais. Eles têm o tamanho que devem ter, que nasceram para ter. Eu, sinceramente, acho Edmund alto demais, mas ele nasceu para ser assim, e assim ficou.

"Escrever é a arte de cortar palavras" Já ouvi, mais de uma vez. Não sei escrever. Sei construir, derramar, tingir, pintar. Desenho as letras como gostava de desenhar rostos, quero perfeição e nunca consigo, prefiro pecar por excesso do que por omissão, sombreio bastante para dar realismo. Sempre comentaram dos olhos, sempre quis fazer olhos humanos, com alma. Fazia um rosto imenso, cheio de detalhes e sombreados, mas meu interesse eram apenas os olhos.

Alguém poderia me dizer que eu deveria desenhar apenas os olhos, já que eles eram o meu foco, e que isso seria escrever. Mas então como? Milhares de olhos? E o mistério, as expressões, os rostos, os sombreados? Os fios de cabelo, os detalhes, desenho é conjunto, texto também, não importando qual o foco.

Continuo escrevendo como os textos querem ser escritos. Por não querer um texto enxuto não quis trabalhar com jornalismo. Lembro-me, entretanto, de um texto de Edmund, em resposta a algumas poucas pessoas que reclamaram que seus textos estavam longos demais e elas tinham preguiça de ler (quem está errado? Quem escreve um texto longo ou quem conforma-se com sua ignorância, na "preguiça de ler"?)

Não poderia deixar de postá-lo, mais uma vez, é um texto recheado de substantivos e com poucos verbos, pesadíssimo, de propósito. Para mostrar que um texto curto não é, nacessariamente, mais leve e fácil de ler do que um longo. Tamanho, definitivamente, não documenta nada.

Segunda-feira, Junho 09, 2003



Para Encurtar A Conversa

Comparando os últimos textos que escrevi com os primeiros, reparei que a cada dia venho escrevendo textos maiores. Até onde, eu me pergunto, poderei ir desse jeito? Chegaria certamente o dia, em um futuro talvez não muito distante, em que meu texto seria tão grande, mas tão grande, a memória em meu computador que ele ocuparia seria tão elevada, mas tão elevada, e o esforço mental para tentar lembrar de tudo o que escrevi seria tão desgastante, mas tão desgastante que, com certeza, ficaríamos travados eu e meu computador. E isso não me traria encanto.

Por esse motivo, hoje tentarei ser breve e objetivo, conciso e lacônico, exato e resumido, preciso e abreviado. Não prolixo.Tentarei, com todas as minhas forças, não ser extenso, amplo, vasto, abundante ou ilimitado.Buscarei desesperadamente a definição, a acepção, a interpretação, o valor, o sentido e o significado. Não me deixarei cair em redundâncias, difusões, superfluidades, excessos, inutilidades e pleonasmos.

Fixarei meu objetivo na clareza, na nitidez, na limpidez, na transparência, na diafaneidade e na inteligibilidade. Não utilizarei truques, ardis, arapucas, artifícios, artimanhas, armadilhas, ciladas, emboscadas e estratagemas. Procurarei ser puro, correto, imaculado, genuíno, inocente, incontestável e irrepreensível. Mas se não conseguir, certamente ficarei fulo, zangado, amolado, irritado, aborrecido, apoquentado, encolerizado, amofinado e exacerbado. Mas vou parando por aqui antes que vocês fiquem nauseados, repugnados, ansiados, repulsados, aflitos e agoniados.

postado por: EDMUND BONAPARTE 5:58 PM

PS Confesso que fique chocada com a afirmação da Claudia e do Thiago, que disseram que Tatuíras são comestíveis. Risoto de Tatuíras, Claudia? Tatuíras fritas, Thiago? Urgh...

PS2 Fiquei emocionada ao ver um comentário do Plâncton no texto anterior. Me senti realmente honrada e lisonjeada por ter tão nobre figura a agradecer meu apoio. Estamos aí, irmão Plâncton, na luta pela manutenção da beleza, da cor e da alegria que apenas os verdadeiros artistas podem trazer ao mundo. Conte conosco!

Respeitosos Abraços a todos!