quinta-feira, março 23, 2006

Pequenas escolhas, grandes catástrofes

Conheci um rapaz, certa vez, que me disse que detestava ser obrigado a tomar pequenas decisões. Coisas como "o que você quer beber?" ou "onde vamos nos sentar?" somente gastam preciosos minutos e sinapses, que poderiam muito bem ter melhor utilidade. Concordo.

Porém, prefiro não tomar decisão alguma, nem pequena, nem grande. Sim, eu sei que "a vida é feita de escolhas, não escolher também é uma escolha" e patati, patatá, mas decidir, definitivamente, não é comigo.

As opções são sempre inúmeras e cada uma delas me levaria a um lugar diferente. O problema é que eu gostaria de conhecer cada um desses lugares e viajar a vida inteira entre diversas realidades paralelas, imaginando o que poderia ter sido e nunca foi, sem nem ao menos saber o que realmente foi e o que não foi, já que realidades paralelas são paralelas, estão todas no mesmo ponto, como saber qual realidade é a verdadeira?

Como só nos é permitido fazer uma escolha de cada vez, correndo o risco de fazer a escolha errada, ver uma luzinha vermelha acender e ouvir o "péééééééé" da maldita campainha nos avisando da péssima escolha sem que possamos fazer nada a respeito, acabo gastando mais tempo a pensar nos prós e contras do que realmente fazendo algo para materializar tanto os prós quanto os contras de uma das opções.

Assim, me pego paralisada diante de um simples "O que vai querer beber?" Tentando imaginar as terríveis ou maravilhosas consequências de escolher cada um dos itens da seção "bebidas" do cardápio. Prefiro poupar minhas energias e neurônios com um simples, prático e muito eficiente "Escolhe para mim".

Sim, eu sei que é imbecil, pois delego a outra pessoa a árdua tarefa da decisão, tentando tirar de meus ombros a responsabilidade pela escolha e, consequentemente, por todas as consequências decorrentes dela. Imbecil, porque geralmente a pessoa não tem a menor noção do impacto que sua escolha terá sobre minha vida e todo o universo (afinal de contas, estamos todos conectados) e, assim, delego tão importante momento a alguém que dará uma resposta irrefletida e, consequentemente, irresponsável, a tão importante pergunta- seja ela qual for.

Talvez seja medo, talvez seja fuga, o importante é que o sentimento que me move a tão absurda atitude tira de minhas mãos todo o controle sobre minha vida e meu futuro e só agora posso ver isso. Porque assim como muito dinheiro vai embora nas pequenas coisas, sem que percebamos, grandes escolhas dissipam-se por pequenas decisões, ínfimas, insignificantes, às quais não damos o menor valor. E perdemos, enfim, o direito de guiar nossa própria kombi do destino, ao delegar pequenos pedaços dela a quem não sabe dirigir.

Depois de ter essa inominável revelação do que raios estou fazendo com minha existência, preciso, urgentemente, rever meus conceitos.


PS: Por favor, visitem Edmund no Diário, ele anda um pouco carente e bastante amedrontado com a proximidade da Páscoa. Ainda mais agora, que descobriu que seu trauma de infância tem razão de ser. Basta dar uma olhada nas fotos do post do dia 2 de março, .

quarta-feira, março 22, 2006

Nova Residência

Finalmente concluí a transferência de arquivos do Diário de um Lunático para cá. Quer dizer, meus textos que estavam no Diário foram devidamente deletados de lá, mas consultei os arquivos e vi que eles ainda estavam ali. Tentei deletá-los novamente, mas não constam no sistema, isto é, ainda existem alguns posts-fantasmas no Diário de um Lunático, assinados por Josephine ButterFly. Espero que, com o tempo, eles encontrem paz e possam, enfim, descansar seus espíritos em um lugar de muita luz. E que tenham dinheiro para pagar a conta de energia.

Minha única dúvida de ordem configurativa é se trago também os textos do Manteiga Voadora ou deixo os pobres coitados em paz, congelados, lá em meu abandonado ex-blog. Conto com a colaboração de eventuais leitores para resolver essa questão. De vez em quando gosto de fingir que somos uma democracia.