sábado, maio 08, 2004

O Regresso

Fiquei esses dias "de molho" por conta de uma TPM avassaladora. Algumas mulheres não passam por esse período de descontrole hormonal, infelizmente eu não sou uma delas. Em alguns meses a TPM passa despercebida, em outros, porém, melhor seria se trancassem a doce e meiga Josephine em uma sala com isolamento acústico, amarrada a uma cadeira (confortável, tá?) e amordaçada...ou, mais agradável, sedassem a bela e modesta Josephine e a mantivessem desacordada em um quarto escuro, sobre uma cama semi-ortopédica, coberta por três edredons. Este foi um desses meses.

É como se colocassem amplificadores em seu cérebro. Até os aborrecimentozinhos insignificantes que em situações normais passariam despercebidos, tomam proporções quase tão gigantescas quanto o Hernani no post anterior, do Edmund. Aliás, coisas que nem seriam classificadas como aborrecedoras tornam-se insuportavelmente irritantes e eu começo a estapear todo mundo (não literalmente, óbvio) que aparece em minha frente.

Sempre tão gentil, meiga e educada, Josephine transforma-se em uma criatura ranzinza, chata, mal-humorada e irritadiça. O problema é convencer todo mundo, depois que a crise passa, que os culpados eram os hormônios. Estou quase cedendo aos apelos da minha irmã e providenciando um tratamento para colocar esses hormônios mal-educados em seu devido lugar.

Acabei nem escrevendo nada, com medo de espantar os leitores deste Diário, aos quais tanto prezo. Foi para o bem de vocês que me ausentei, para mantê-los longe da ameaça Josephinesca tepeêmica. Se Edmund escrevesse este texto diria que eu me transformo em um monstro cor-de-rosa uma vez por mês, durante alguns looongos dias. Aliás, eu gostaria de ouvir esse relato dele, gostaria de saber como ele vê esses momentos delicados.

Pobre Edmund, sempre tenho a impressão de que ele caiu de pára-quedas em algumas situações, como se não tivesse a mínima idéia de como foi parar ali. Às vezes ele me olha e quase posso ler em seus olhos "de onde surgiu tal criatura?" Bem, nem eu mesma sei como vim parar aqui, mas sei que tem sido bastante agradável e divertido, ao menos na maior parte das vezes.

Em situações normais eu me divirto com Edmund quase todo o tempo, é uma pessoa agradável de se conviver, até mesmo quando começa a conversar consigo mesmo e eu tomo o devido cuidado de não interromper. Se bem que até hoje não consegui entender bem a diferença entre seus diálogos com Sigmund, sua outra personalidade, e os momentos em que ele afirma estar "pensando em voz alta".

Só que até esses momentos que costumam divertir-me irritam-me sobremaneira em situações tepeêmicas, o que me deixa muito chateada, porque eu gostaria de me divertir, mas só consigo ficar irritada, faço força para achar graça e acabo ficando ainda mais irritada por não conseguir ficar mais nada além de profundamente irritada. É frustrante.

Felizmente voltei ao normal. E normal significa normal, porque eu sou normal, Edmund é o lunático. Nada contra, mesmo porque se eu tivesse algo contra lunáticos, não estaria namorando um, mas eu sou bem normal. Acho. Que seja, voltei ao normal e consequentemente este blog também, isto é, ninguém se livra de mim tão cedo. Isso é bom?