domingo, abril 04, 2004

Em alguns momentos sinto em mim uma certa incapacidade em contar determinadas coisas que quando vividas têm alguma graça e quando contadas, graça nenhuma. No máximo arrancam do meu interlocutor um sorriso amarelo, daqueles que a gente dá por educação, para que a pessoa que relatou o tal fato não se sinta a incompetente que, de fato, é.

Edmund, por outro lado, é engraçado sem a intenção de ser, às vezes coisas que quando vividas não têm graça alguma tornam-se insuportavelmente divertidas quando ele as conta. Impossível não nos sentarmos à mesa com alguns amigos e em poucos instantes todos estarem aos berros, gargalhando, acreditando, certamente, tratar-se de um grande gozador. Sim, são poucos os que percebem que ele não está brincando.

Por esse motivo, Edmund tem muitos amigos. Nem todos são normais, na verdade a maioria não é. Poderia citar alguns exemplos, mas como o blog é público posso, de repente, correr o risco de estar sendo lida por algum deles que, reconhecendo-se, venha tirar satisfações.

Também corro outro sério risco, como ninguém sabe exatamente quem é Edmund Bonaparte, algum outro maluco pode achar que estou falando dele, ainda que nunca tenha visto sua alucinada cara, imaginar que Edmund é um amigo dele e ver em mim a namorada desse incauto amigo, depois ir tirar satisfações com o fulano que, coitado, não saberá se explicar. Assim, temo trazer graves problemas para terceiros, quartos ou quintos desavisados.

É o problema de viver em sociedade. Sempre achamos que vivemos mais em sociedade do que realmente vivemos, que a vida dos outros gira em torno da nossa vida e quando vemos um grupo de amigos conversando em rodinha, olhando para o nosso lado, imaginamos que estão falando de nós, quando alguém diz que não pode conversar agora, por ter um problema a resolver, já achamos que é uma desculpa que a pessoa inventou para não precisar falar conosco.

Não imaginamos que há dezenas de milhares de assuntos para um grupo de pessoas discutir, embora muitas vezes pessoas prefiram falar de outras pessoas do que de coisa mais importante. Também esquecemos de que as pessoas costumam ter trilhões de coisas a fazer e que algumas não podem esperar, às vezes - mesmo - ligamos exatamente no horário da coisa que não pode esperar.

Assim como sempre costumamos estender a resposta de alguém (mulheres são experts em fazer isso). A pessoa diz: "Não posso falar agora" e a gente pensa: "ele disse que não pode falar agora porque deve ter algo mais importante para fazer...se tem algo mais importante do que eu é porque eu não sou tão importante assim...se eu não sou tão importante assim é porque ele não gosta de mim...se ele não gosta de mim, não falo mais com ele!" Enquanto o pobre indivíduo só queria que a pessoa esperasse.

Esses dias fiz isso com Edmund. Na verdade faço isso sempre, mas esses dias eu falei para ele todo esse raciocínio acima. Ele fez aquela cara de Edmund e me respondeu: "Mas...eu só pensei a frase que eu disse mesmo!" E ele só tinha pensado aquela frase mesmo, o resto foi invenção de minha cabeça feminina alucinada..aprendi. Acho que aprendi alguma coisa, o cérebro masculino funciona de outra forma. Nem melhor, nem pior, apenas diferente, o de Edmund então...


PS: Alencar me perguntou se Edmund tem dentes de coelho...estranhei a pergunta. Nem diga isso, Alencar, Ed detesta coelhos. Para saber mais sobre isso, vá nos arquivos de Abril, dia 19 de Abril de 2003, para ser mais exata, ou melhor, mais fácil, siga o link. Lá há um texto explicativo sobre a gênese do pavor que Edmund sente em relação a esses bichinhos, em um texto sobre O Abominável Coelhinho da Páscoa
. Vale a pena ler.

PS2 Mi me pergunta se é mais divertido cuidar de um blog em dupla do que sozinha. Sinceramente, não faço a mínima idéia. Tenho um grave problema em relação a este blog, que o Flip-flop já identificou. Sinto-me uma intrusa, o blog não é meu, nem é nosso, é dele (ainda que ele diga que é nosso). Ao mesmo tempo ele mesmo mal posta em seu blog nos últimos meses, o que o faz ser meu, ainda sendo nosso, mesmo que seja apenas dele.

Isto é, apenas uma vez dividi o blog com outras pessoas (éramos sete), mas durou apenas três posts, pedi para sair porque também achava que não me encaixava ali, como se eu não fizesse, realmente, parte daquele blog e as pessoas tivessem que me aturar. Como vê, é um problema recorrente.

O bom de um blog conjunto é a divisão de responsabilidades, quando você não posta nada o blog não fica completamente abandonado. A menos que a outra pessoa também não poste, aí dá na mesma um blog em conjunto ou um blog individual.

Fora isso, sempre me dei bem com blogs individuais, quando eu era o único indivíduo resposável pela coisa. Embora de vez em quando canse, da mesma forma. Blogs em dupla são bons, se não houver briga pelo território.

PS3 Flip-flop, Edmund gostou da sua idéia de alterar o título do blog (não sei por que ele mesmo não diz isso, já que não tira pedaço deixar ao menos um mísero comentário neste mísero blog), eu não gostei, aí veio a paranóia de estar descaracterizando o blog, como se eu estivesse mexendo em algum tesouro arqueológico recentemente desenterrado. Meu senso histórico não permite cogitar essa hipótese. Ainda não sei o que Edmund decidiu, o que será feito. Ele me disse que agora não está mais sozinho, por isso o blog pode mudar. Não acho, acho que já me intrometi demais na vida dele, e este blog... bem... não é meu, né? :)

PS4 Joe também é da época em que fotógrafos e pais ainda não sabiam que seus filhos cresciam... Blanda, também acho Edmund fofíssimo naquela foto, ele ainda não tinha idade para eu ter ciúme (e eu nem tinha nascido) fique tranqüila.

PS5 Livs, todas as mães são iguais, viu? Um dia também seremos assim...já me preparo para tirar quinhentas fotos do pequeno Edmundinho nas piores situações possíveis, enqüanto ele ainda for bebê e não puder se defender, como, por exemplo, sentado no trocador cheirando uma fralda cheia de cocô, ou no cadeirão com o rostinho todo sujo de papinha de beterraba ou, a clássica, aos três meses, sem roupinhas, todo feliz, deitado de bumbum para cima no sofá da sala :)

Esperando, é claro, que ele encontre uma namorada a quem ele queira impressionar a todo custo e a leve para conhecer seus pais (eu e Edmund), então sacarei álbuns e mais álbuns previamente selecionados para avermelhar meu pobre filhinho....de propósito, é claro. Isso dá um prazer indescritível a toda mãe.