domingo, novembro 30, 2003

Rompimento

Hoje terminei com Edmund. Cansei. Ele se indispôs com o criado-mudo e o guarda-roupa por minha causa e agora disse que eles brigaram com ele. Passou horas com o telefone fixo na orelha direita e o celular na esquerda, falando com ele mesmo sobre os móveis. Depois me fez fazer mingau de aveia com canela e não comeu (ele detesta mingau de aveia).

Falou algumas coisas que não gostei e depois voltou atrás, dizendo que não era bem ele, mas ele quem tinha dito aquilo. Falou do post que escreveu ontem, disse que era aquilo que sentia, ameaçou parar com os antialucinógenos, disse que eu era uma alucinação, se jogou aos meus pés e prometeu me levar para comer camarinhos (eu odeio camarinhos).

Disse que o amor que sente por mim está na zona de expansão do universo e todos os problemas que possamos ter estão na zona de contração, falou que se eu fizesse aquilo com ele ele viraria suco, chorou, desejando nunca ter tomado o elixir da perene memória que foi buscar na Dimensão-Zeta, pois se não tivesse ingerido tal poção, poderia conseguir me esquecer.

Disse que por mim faria uma bolinha com as meias modelo HK99-A em pleno inverno e as jogaria no telhado, que sapatearia nos óculos, que passaria horas trancado no elevador, que trocaria os móveis da casa, que queimaria o cabide em praça pública, que nunca mais daria as oito voltas diárias na quadra ( cinco no sentido horário e três no sentido anti-horário ), que se jogaria em um tanque cheio de cobras e lutaria com coelhos. Chorou, cantou "Love me Tender" e disse que seu outro eu nunca mais se meterá entre nós, disse que eu estava sendo muito "ingigente", que estávamos a um pixel da felicidade e não era justo jogar tudo na lata do lixo daquela forma.

Não tive outra alternativa senão aceitar para que ele parasse com aquela cena no meio do supermercado (uma multidão de curiosos aglomerava-se à nossa volta, ouvindo-o dizer que nunca mais conversaria com os móveis se eu pedisse, que nunca mais saltaria o sofá da sala para passar à cozinha, etc...), tive medo que tivesse mais uma daquelas crises e se abraçasse aos pacotes de salsicha gritando "Julius! Denise! Amigos, falem comigo!!!". Concordei e saí com ele de lá, já falando novamente em uma data do possível casamento. Sinceramente, começo a me apavorar.

PS: Quantas vezes eu já li os posts deste blog? Hum...sei lá, umas trinta, talvez.Ou cinquenta. Não devia?

Obs: Antes que passem a me odiar, não foi minha idéia jogar o criado-mudo fora, na verdade não acho que ele tenha que mudar tanto sua vida por minha causa, só uns 98%. Razoável, não?