sábado, julho 03, 2004

Contos Josephínicos- Josephine, A Pequena e Edmund, O Grande

Há muitos e muitos e infinitos e incontáveis anos, em uma época em que despóticos imperadores subjugavam seus semelhantes e a desigualdade social era ainda mais gritante do que em nossos dias, havia um benevolente imperador que destacava-se de seus sucessores e predecessores por seu coração altruísta.

Obviamente a paz não reinou por muito tempo durante os anos deste bom imperador, afinal de contas, ninguém respeita os bons, ninguém consegue respeitar e obedecer a um superior que considera, ouve, respeita e ajuda seus subordinados. Ao menos naquela época era assim.

O imperador, Edmund, O Grande, teria que ausentar-se por um tempo para participar de um congresso de imperadores em uma terra ainda mais distante. O caos ameaçava instaurar-se, ninguém havia ali que pudesse assumir o trono e controlar a situação.

Já há muito tempo os conselheiros aconselhavam (porque era esse seu trabalho) Edmund, O Grande, a arranjar uma esposa e naquele momento o assunto voltou à baila. -Se tivésseis uma esposa - diziam eles - não teríeis este problema, ela sentaria em um trono ao vosso lado e colocaria ordem no reino.

Porém, Edmund, O Grande, não conhecia nenhuma grande mulher para fazer-lhe companhia. Seus conselheiros então buscaram as maiores mulheres do reino para que o imperador escolhesse.

Uma a uma elas passaram por diversos testes e, por fim, uma entrevista com o ingênuo imperador e seu mais sábio conselheiro. Algumas até conseguiam enrolar o imperador (o que, convenhamos, não era lá muito difícil), mas o Conselheiro logo as dispersava, mostrando ao imperador que lhe trariam mais problemas do que soluções.

Por fim, nenhuma mulher mais havia para ser testada, todas haviam sido reprovadas e o imperador, desanimado, já pensava em demitir o tal conselheiro, parecia exigente demais. O Conselheiro, no entanto, perguntou ao imperador se mais nenhuma outra moça havia que lhe despertasse a atenção.

- Nenhuma. - O soberano respondeu.

O sábio Conselheiro tomo-o pela mão e passou por todos os cômodos do castelo mostrando-lhe uma a uma as pessoas que ali trabalhavam.

-Está vendo aquele rapaz, imperador?
- Sim, senhor Conselheiro.
- Já o conhecia?
- Não, nunca o tinha visto.
- Pois bem, ele lhe serve há vinte anos, desde seus oito anos, cuidando de seus sapatos, dia após dia. Ele, certamente, conhece o senhor. E aquela senhora, conhece?
- Não, senhor, jamais a vi.
- Pois bem, ela prepara, todas as manhãs, há trinta anos, o pavê que o senhor tanto gosta de comer ao acordar.

O imperador estava envergonhado, como podia ser? Gabava-se de conhecer todos os criados de seu palácio, mas não se dera conta de que eram tantos e que passava por boa parte deles diariamente sem notar. Até que, algum tempo depois, o imperador, já mais esperto, notou uma menina de longos cabelos cacheados ligeiramente acobreados, sentada sob a escada.

- E aquela moça? Quem é?
- Aquela é a pequena Josephine, vive aqui há muito tempo e já estava aí, debaixo da escada enquanto o senhor se decidia entre as moças.
- Ela estava aqui o tempo todo? - espantou-se ele.
- Muito mais do que o tempo todo, ela chegou aqui antes de todas elas, e o senhor não a viu.
- Chame-a à minha presença.

Claro, o imperador só mandou chamar Josephine por causa de sua bela aparência, mas o Conselheiro, que já a conhecia, sabia que a moça era dotada de uma sabedoria fora do comum e que era a única capaz de colocar ordem na bagunça em que a vida do tirano se transformara.

Claro, ele sempre soube disso, mas não podia falar antes ao imperador, dependia do imperador tomar a decisão, dar os passos, fazer as escolhas, ver o que era errado até encontrar o certo. Quando ele resolveu ouvir o Conselheiro, este lhe revelou o segredo: tudo o que ele precisava estava ali, diante de seus olhos, o tempo todo, mas ele nunca quis enxergar.

Bem, antes tarde do que nunca. A pequena Josephine passou em todos os testes do Conselheiro e se saiu muito bem na entrevista com o imperador que, apaixonado, decidiu juntar suas trouxinhas reais com as plebéias trouxinhas de Josephine (tudo oficialmente, é claro) e daquele momento em diante, sob o pulso forte de Josephine, a Pequena, todo o reino voltou a ter paz e todos, sem exceção, viveram felizes para sempre.

PS: Vamos aos fatos: O imperador era grande, mais ou menos 1,86m, Josephine era pequena, com seus arredondados 1,70m, mas ela seria grande se o imperador tivesse 1,67m, por exemplo. Tudo é questão de ponto de vista, sempre.

PS2 Comentários em meu último post foram respondidos na própria caixa de comentários, para poupar espaço. Combinado com Edmund, faremos revezamento de posts (Finalmenteeee!!!).

Essa carinha aí em cima é para especificar quem está escrevendo, antes do texto, há sempre o nome do indivíduo no final, mas ainda tem gente que se confunde. Não sei se continuarei com esse desenho, a princípio, sim, até fazer um melhor.

O próximo a postar será ele. Leiam, reflitam, comentem, aproveitem, tanto os meus textos como os dele. Nem precisava dizer isso, mas, como sabem, sou insegura e preciso ficar lembrando a todos que devem nos dar uma atençãozinha básica.

E sou exigente, gosto que comentem se leram todo o texto. Comentar sem ler e ler sem comentar são duas coisas terrivelmente abomináveis. Como saberei se leram, caso comentem? Bem, terei que acreditar nos leitores.

Como saberei que não leram? Bem, sempre imagino que, se não comentam, não leram, embora eu mesma faça isso (ler sem comentar) em diversos blogs que visito. Mas a partir de hoje me obrigarei a comentar sempre que ler. Fazendo com os outros o que gostaria que fizessem com a gente. E antes que alguma Góia diga isso, é, eu sou chata mesmo. Mas amo vocês. :) Respeitosos abraços.